Cada um lambe onde se sente bem

 

Na era do constante debate político moçambicano, temos sidos bombardeados com a expressão “lambe botas”. Ao tentar decifrar seu significado, deparo-me com uma complexidade interpretativa. Parece referir-se àqueles que fervorosamente defendem ideias partidárias ou do governo do dia. No entanto, proponho uma reflexão mais profunda: “Cada um lambe onde se sente bem”.

Esta expressão, aparentemente simples, encerra uma verdade universal. Quando adentramos o campo de jogo da vida, não desejamos a derrota da nossa equipe. É natural torcermos pela vitória do grupo ao qual estamos vinculados. Assim como ninguém vai ao estádio esperando ver sua equipe perder, na esfera política, científica, religiosa e social no seu todo, cada indivíduo busca o triunfo daquilo ou daqueles que abraça.

Entretanto, é imperativo não difamar aqueles que defendem causas distintas. Em todo o mundo, cada ser humano encontra-se imerso em uma teia de convicções e realidades. Assim como torcer pela própria equipa não implica desrespeitar os torcedores adversários, a defesa de uma causa específica não autoriza a calúnia contra quem abraça perspectivas diferentes. Este exemplo adequa para a religião e outras realidades, nunca veras alguém do islamismo a defender a religião cristã, nem mesmo os europeus ou americanos a reconhecerem a superioridade do africano em relação a eles mesmo.

Portanto, ao invés de rotularmos uns aos outros como “lambe botas”, reconheçamos a diversidade de convicções que enriquece a nossa sociedade. Cada um lambe onde se sente bem, e isso é uma manifestação legítima da liberdade de escolha e expressão. Que possamos, em meio ao jogo da vida, respeitar as diversas bandeiras levantadas, promovendo um diálogo saudável e construtivo, mesmo quando os gostos e ideias divergem.

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